Poeta castrado

Sou um amante das coisas, das pessoas e das histórias da vida que me vão contando. É essa a razão porque construi este blogue, para publicar histórias, poemas, factos e fotografias que eu amo.

Friday, July 21, 2006

Gotículas de Mar

Quando nos deparamos com as gotículas do Mar,
sabemos que há ir e voltar.

A Bunda, Que Engraçada

De Carlos Drumond de Andrade

A bunda, que engraçada.
Está sempre sorrindo, nunca é trágica.

Não lhe importa o que vai
pela frente do corpo. A bunda basta-se.
Existe algo mais?
Talvez os seios.
Ora — murmura a bunda — esses garotos
ainda lhes falta muito que estudar.

A bunda são duas luas gémeas
em rotundo meneio. Anda por si
na cadência mimosa, no milagre
de ser duas em uma, plenamente.

A bunda se diverte
por conta própria. E ama.
Na cama agita-se. Montanhas
avolumam-se, descem. Ondas batendo
numa praia infinita.

Lá vai sorrindo a bunda. Vai feliz
na carícia de ser e balançar.
Esferas harmoniosas sobre o caos.

A bunda é a bunda,
redunda.

Wednesday, July 19, 2006

NUS, tão perto e tão longe

São 9 da manhã. Eu sei que não é cedo, mas também não é tarde para quem se deitou às 6 da manhã. Está um calor de incendiar qualquer árvore. No meu quintal, estão 40 graus ao Sol e o que me safa é não ter arvores mas receber a brisa do mar aqui á vista.
Este pequeno tempo de sono não foi nada reconfortante, até pelo contrário, como passeia noite de bar em bar os meus olhos ficaram um pouco doridos de tanta beleza junta. A noite estava um caldo e as pessoas já pouco se vestem, deixando, nalguns casos, os seus peitos reluzentes e já queimados da praia deixando ver-se por entre camisas abertas, chamando por um carinho transformado em beijos. Porque é moda e porque nesta época do ano nos bares é consentido, também se usam aquelas calças que não são, mas também não são calções, vislumbrando-se algumas pernas que passaram pelo ginásio e vão esperando o aconchego das nossas.
Em fim, são as noites escaldantes da nossa Lisboa, sim, porque aqui na região do Magoito, só existem Bares de Putas onde os senhores da pedra vão gastando a guita que ganham durante o dia.
Quanto a corpos, só na praia se vai vislumbrando um ou outro com vontade de fotografar ou de ser “caçado”. Este é um exemplo:


Não sei se estava na apanha da conquilha, apanhando um pouco de água para se refrescar ou mostrando ao mundo que ainda existe Deus.
Sei, isso sim, que os meus olhos e a minha mente já vão ficando cansados de tanta beleza natural “fotográfica”.
É por estas e por outras que pouco dormi esta noite pois a “caça nocturna” não deu em nada.
Foi assim que com um computador portátil, vim até ao meu quintal e debaixo de um grande chapéu especial contra o UV-A, me apeteceu escrever estas linhas neste meu Blogue, partilhando consigo não só uma noite de calor que se ficou enrolado em dois lençóis de seda que foram massajando meu corpo sedento de amor.

Friday, July 14, 2006

OS POEMAS QUE EU GOSTO-2

Então aqui vai um poema de António Lobo Antunes:

Coro das Amas do Cardeal


Dar a teta a uma criança

ou dar a teta a um bispo

é como entrar numa dança

em que o corpo não descansa

porque o velho não amansa

e eu mais que a teta não dispo.


E se o bispo é cardeal

e o cardeal é regente?

Dar o peito não faz mal

dar o corpo é natural

pois quem manda em Portugal

mama na teta da gente.


Porém deitada na cama

não sou dele nem de ninguém.

Mesmo se o velho me chama

não me importo de ser ama

se quem a carne me mama

me rói os ossos também.


in Letrinhas de Cantigas, António Lobo Antunes


OS POEMAS QUE EU GOSTO-1

Quando inscrevi aqui neste blogue a minha impressão digital, logo disse não ser escritor ou poeta (escrevo efectivamente algumas coisas à minha maneira mas sem pretensões de ser escritor), no entanto existem poemas que eu gosto e não posso de forma alguma que os mesmos fiquem somente na minha mente sem os divulgar.
"OS POEMAS QUE EU GOSTO" vai passar a ser uma parte do blogue inicial “poetacastrado”, onde divulgarei esses poemas. Você se quiser, dê a sua opinião sobre os mesmos ou sobre esta minha atitude.

Saturday, July 08, 2006

Impressão Digital


Como sou um nabo em termos de informática só agora me lembrei de colocar os meus dados mais concretos, mas creio ainda ir a tempo.
O Blogue:
Poetacastrado é um blogue construído por um amante da beleza das coisas e das pessoas, embora seja um nabo em termos de informática.
Com o andar dos anos vamos aprendendo que em tudo que nos rodeia podemos encontrar coisas belas. São as flores, as montanhas, o mar, os animais no acto da procriação, o Sol, a Lua e as pessoas, não as pessoas por fora, mas as pessoas por dentro. Os seus conflitos, as suas tristezas e alegrias.
Quando se chega à idade de “cota”, já se vão perdendo algumas coisas, felizmente em abono de outras que não sabíamos que existiam. Não é que passemos para o lado dos castrados, no entanto, verificamos que a vida é uma castração.
Quando criei este blogue tive uma certa dificuldade em encontrar um nome para o mesmo, de repente, lembrei-me do meu e saudoso amigo José Carlos Ary dos Santos e do seu poema “ Poeta Castrado Não!”
Como tenho a mania da escrita, não sendo poeta ou escritor, vou escrevendo algumas histórias com base nas conversas que vou ouvindo ao longo do dia e outras que me vão contando em discurso directo. Todas estas histórias iam ficando na gaveta e outras mostrando aos amigos, outras ainda, servindo de guiões para talk shows, filmes ou novelas.
Como não bastam estas divulgações, encontrei neste veículo, a blogosfera a forma de partilhar com os restantes leitores destes blogues alguns dos meus textos. Uns serão “Pequenos Contos”, outros que mais tarde terão oportunidade de ler “Contos Eróticos”, dedicados a jovens a partir dos 18 anos e principalmente à comunidade Gay e não só.
Pontualmente irei criticar este ou outro facto da vida nacional, arriscando, aqui e além, um artigo de opinião ou um breve comentário à actualidade.
Este blogue servirá, pois essencialmente, para divulgar um conjunto de textos que vou escrevendo durante a noite e ao som do bater das ondas do mar conjuntamente com um clássico, (a música que me dá pica).
Fico sujeito a apreciações (comentários) e a utilização destes textos por quem quer que seja, é livre, esperando dos que fizerem dos mesmos tal uso a cortesia de citares a fonte.



O Autor:Nelson Camacho
Nascido no tempo da outra Senhora.
Divorciado, mas tendo um “rebento”já Engenheiro Informático.
Nascido na Madeira, mais propriamente dito no lugar da Camacha.
Vive actualmente livre de compromissos no Magoito (junto ao mar).
Adepto do Benfica porque a sua cor é vermelha.
Em termos de música, enquanto escreve, ouve Chopin, Wagner.
Cursou Engenharia no Instituto Industrial de Lisboa.
Cursou ainda no Conservatório Nacional de Música, na área de actor e no Centro de Preparação de Artistas da Ex. Emissora Nacional, e tem uma carteira profissional contrariamente a muitos que por aí andam a debitar cantigas.
Foi actor e cantor (no tempo da outra Senhora). Tem discos gravados.
Foi radialista: Um dos programas, teve a duração de cinco anos “ A Noite e Você” (eram entre a 1 e as 7 da manhã às Segundas, Quartas e Sextas-feiras).

Um dia publicará a sua biografia.
E-mail: poetacastrado@clix.pt

Thursday, July 06, 2006

Afinal ele tinha outro!

Normalmente sou um tipo pacato. Não sou muito ligado às coisas que me rodeiam, vivo sozinho, faço a acama, lavo a loiça e a roupa, faço as minhas alimentações e até por vezes faço uns banquetes para os parcos amigos que tenho. Quando algum fica em minha casa gosto de lhe fazer o pequeno-almoço e levá-lo à cama. São coisas de quem vive só. Os amigos que tenho gerem-se na vida pelos mesmos parâmetros que eu. Gostam de estar em pequenos grupos, e quando nas festas alguém se afasta é para continuarem em grupo, mas a dois. Todo este preâmbulo para dizer que nos meus tempos de ócio, os tenho só, bebendo uma bica e lendo um jornal em qualquer café, preferencialmente à beira mar onde as ondas do mesmo me dão um alívio de alma espiritual para combater as agruras da vida que são muitas. Foi num destes cafés que um dia uma moça simpática e atraente me pediu lume para acender o cigarro. Também estava só na mesa ao lado. Vestia uma t’shirt rosa e uma saia tipo mini pelo qual se podia vislumbrar umas pernas bem torneadas. Não era uma rapariga totalmente atraente mas simpática no todo da sua aparência. Olhando melhor, verifiquei que acendia cigarro no próprio cigarro um a traz do outro o que me deixou um pouco perplexo, pois só tinha visto estas situações em homens e principalmente com alguns problemas psicológicos. Matutei, matutei, pensei, pensei, o que se passará com a moça? Não sendo meu habito meter conversa com a primeira “ galinha “ que se me depara pela frente, tirei-me dos meus caprichos e aí estou eu a meter conversa com a dita. Aproveitando o facto de existirem os tais anúncios contra o tabagismo nos maços de tabaco, disse-lhe assim, à laia de chofre: - Desculpe amiga (foi um tratamento à laia de alentejano) você já leu bem o que diz no seu maço de tabaco? "Fumar prejudica gravemente a saúde"! Ela olhou para mim, e num ar triste disse: Há coisas na vida que matam mais depressa amigo.
Foi o início de uma conversa muito interessante principalmente para mim, que já deixei de ter pachorra para aturar “ galinhas “. Nesta conversa em que não quis ser o galo da capoeira, deixei-a falar o que valeu que mais tarde, passou a ser uma grande amizade.
O contexto da conversa é que foi deveras interessante. Ela estava para ali a curtir não uma dor de ‘corno’, mas um sentimento que não sabia se era de culpa sua ou não. A história resume-se em poucas linhas.
A Idália, é assim que ela se chama, estava para casar e não casou. Namorou durante dois anos um rapaz bem apessoado, filho de boas famílias e de um extracto social bastante invejável, nunca quis ter relações com ele enquanto namorados pois queria dar-lhe como presente a sua virgindade. Passearam juntos durante aqueles dois anos inclusive por Portugal inteiro e estrangeiro, mas quando chegavam aos hotéis ficavam sempre em quartos separados, era ponto assente da parte dela a tal prende da virgindade para a noite de casamento, pela parte dele também nunca fez pressão para que outra situação acontecesse, portanto, estavam os dois de acordo, aparentemente. Ela por boa fé, nunca pensou como era possível um rapaz de vinte anos não querer ter relações inclusive, nem com qualquer outra rapariga o que seria natural. (Ela das duas uma, ou era cega ou gostava de facto muito dele, e gostava). Um dia, chegaram à conclusão e depois de conferenciaram com os respectivos pais como mandam os ‘canhenhos’, resolveram marcar o casamento. Para tal era necessário uma casa e como os pais dele tinham posses, compraram uma casa e começaram a mobila-la. Ora vai um, ora vai outro lá a casa colocar mais um apetrecho para o lar dos pombinhos. Marcaram a data do casamento e a boda toda rafiné, numa quinta dedicada ao Jet-Set. Fizeram os convites em conjunto, marcaram o fotógrafo e o câmara-men para as filmagens, estava tudo pronto. Na véspera do casamento e porque faltava arranjar a cama para a noite de núpcias, ai vai ela com a mãe ao seu ninho de amor. Abrem a porta, entram para o salão, a mãe de colcha embrulhada ao regaço, (a mesma que lhe tinha servido a si na sua noite maravilhosa), e ela com uma moldura com a fotografia do seu futuro mais que tudo marido. Estão na sala ainda em amena cavaqueira falando do casamento, quando dos fundos ouvem umas vozes estranhas. Ai que nos estão a roubar disseram, correram casa fora, abriram a porta do quarto, e na cama, estava o seu noivo com um primo (atenção que era um primo, não uma prima) em pleno acto sexual. Inebriados pelo amor com que estavam, só descobriam que tinham sido apanhados quando a Idália começou aos gritos e a mãe desmaiou. Afinal ele tinha outro!..... e ainda por cima o primo dela.
Depois deste relato, fiquei a perceber porque ela fumava um cigarro após outro. Coitada da moça, estava de rastos, de tal forma e porque me achou simpático, logo no primeiro encontro casual, contou-me todos estes seus azares. Eu por mim, agora digo como o brasileiro, de facto; “ Tem Pai que é sego “. Ficámos amigos e hoje é uma das minhas melhores amigas e depois de várias lições minhas, até já gosta dos Gays.
Por esta me vou!... Até outro dia!...

Wednesday, July 05, 2006

Quando a noite cai

Quando a Noite cai, sinto-me só.
Depois de ter passado um dia à procura de nada, sinto vontade de escrever, escrever sobre casos que ouvi ou constatei e cheguei à conclusão que:
" É preciso não ter medo de ser diferente"
Eis porque escrevo na calma da noite algumas histórias e historietas, algumas até bastante picantes.
Não sou poeta nem escritor, sou apenas diferente. Vivo perto do mar e durante a noite oiço o bater das ondas do mar e com uma música suave vou recordando cenas passadas durante o dia tentando transmitir para o teclado essas histórias. É a primeira vez que escrevo para um blog e como não sou muito entendido nescas coisas, vamos ver o que dá.
Tenho ideias e com uma máquina de escrever faço maravilhas, vamos ver como vai sair.
Prometo voltar com uma história de um tipo que na vespera de casar foi apanhado pela noiva com outro na cama.
Bem, por esta vejam as histórias que tenho para contar.
Até breve.